Lisboa, capital de Portugal, início da Rua das Portas de Santo Antão ( a rua do Coliseu dos Recreios), atrás de uma pequena porta e de uma vitrina lateral com uma bandeja rica em mariscos, tudo em madeira maciça e ricamente trabalhada e o pormenor de um ligeiro telhado sobre a porta, lá estava o “famoso” Gambrinus.
Tinha 16/17 anos quando entrei pela primeira vez num Restaurante classificado (nessa altura) como de “Luxo”.
Para ser sincero ( e EU sou...) senti-me como num conto das “mil e uma noites”. Na entrada, está um bar muito acolhedor com bancos altos e um pessoal extremamente educado e eficiente, e é destinado a todos aqueles que preferem fazer a sua refeição ali ou só mesmo comer algo rápido ou até consumir só uma bebida, mas também é utilizado para, no caso das salas estarem repletas, o público aguardar ali e, entretanto, tomar um aperitivo para antes da refeição.
Foi neste ambiente que, como disse atrás, fiz a minha “estréia” no Gambrinus.
Outro “show” é a “carta” do que podemos pedir para a nossa refeição com as devidas sugestões e indicações dos pratos considerados “especialidade recomendada” ou aquele prato “exclusivo” que você só encontra ali mesmo no Gambrinus. Das carnes ás aves excelentes e suculentas, dos peixes aos mariscos de enorme frescura e qualidade, tudo se encontra à nossa disposição.
Mas não foi só “isso” que passei a encontrar daí em diante “naquela maravilha”. Gente maravilhosa como o Dario, o Chico, o Dias, o Fernando, os senhores Jaime, Armindo e Sobral (já falecido), o pessoal do escritório (a Dona Odete), o Martinho “Calotas” (também “precocemente” desaparecido...), o Zé... tudo “gente fina”, muito querida e que me acolheram sempre com enorme simpatia e amizade. Com eles conversei horas e horas a fio e, com todos eles, eu aprendi tantas e tantas coisas daquela profissão, da organização complexa que é (era?) o Gambrinus e...
Comi lá “iguarias” como NUNCA mais, certamente, irei comer na minha vida. Lembro a SOPA RICA DE PEIXE, o Empadão de PERDIZ, as angulas, TODO o MARISCO (sem exceções...), as GAMBAS Al ajillo, Eisbein com Choucroute, a Costeleta de Novilho, os Peixes (o Cherne, ihhhh)... MEU DEUS...!!!
Maravilha mesmo era quando eu lá chegava na altura da refeição do pessoal no 1º andar e a convite do meu cunhado, Fernando (Sócio e Chefe de Mesas), comia com eles aquelas comidas saborosas. Ahhh...aquela cabeçorra de Pescada...hummm... espetáculo... !!!
Naqueles tempos, finais dos anos 60, só o Tavares Rico (curiosamente localizado na mesma rua) “rivalizava” em classe, no tipo de público, nas ementas e na qualidade de serviço com o Gambrinus.
Há imenso tempo que não volto lá. Não sei, sinceramente, mas acredito que quem está neste momento a gerenciar o Gambrinus e que julgo ser o senhor Armindo Seoane, continuará a manter a QUALIDADE e a ARTE de SERVIR BEM e de BEM SERVIR.
Para TODOS aqueles que passaram pelo Gambrinus e que “acrescentaram” algo de “seu” no interesse do “coletivo” e, também, pela forma como sempre fui recebido e tratado naquela “casa”, deixo aqui expresso o meu mais SINCERO MUITO OBRIGADO.
Ao meu cunhado Abelardo (Fernando, como era chamado e conhecido...!) e que o “destino quis” por vários motivos, um dia, nos separar, deixo um forte ABRAÇO e o agradecimento por TUDO quanto me ensinou, de tudo quanto me deu em termos afetivos e materiais e dizer-lhe que foi, é e será sempre um dos meus “Heróis”. O Gambrinus “tinha muito dele” e ele “tinha muito de Gambrinus... a “simbiose” era perfeita...!!! Foi um dos meus melhores Amigos, senão mesmo o MELHOR e continuo a guardá-lo e a recordá-lo intensamente no meu coração.
Pra SEMPRE, Fernando...!!!
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