Pode-se avaliar o estado civilizacional dos países pelo modo como os seus cidadãos usam duas simples palavras: Culpa e Responsabilidade.
Confundir Culpados com Responsáveis tem consequências nefastas, pois fragiliza o Cidadão e a Sociedade em que se insere.
A culpa costuma ultrapassar-se com qualquer desculpa. Esfarrapada, ou de mau pagador, como vai sendo uso nos dias que correm. “Prontes pá… não se fala mais nisso!!... Não volta a acontecer…Porreiro! Tá bem pá…Tás desculpado!!...”. E até à próxima.!! A culpa é elástica moldável, maleável e a desculpa é assim um “Adeus, e cumprimentos à família!”. E raramente passa disso!!
Com responsabilidade, a coisa é bem diferente. Ela é a expressão de um contrato livremente assumido com exigências a cumprir e respeitar, e com consequências éticas e, ou, materiais livre e conscientemente aceites!
As sociedades que confundem culpados com responsáveis encontram neste modelo álibis para atrasos e incapacidades, pelo pouco rigor e exigência com que estabelecem as suas relações a todos os níveis. Para justificar a mediocridade sem terem de a chamar pelo seu nome. A desculpa e a desculpabilização funcionam como perdão cego, sem lição, sem avaliação e sem consequências.!!!
São sociedades em princípio ou fim de ciclo! Ou primitivas no que concerne às normas de respeito individual e colectivo, ou já esgotadas de soluções e onde a pratica comum é condenar sem julgar ou avaliar, e ilibar sem justificar. Ou ainda, onde os mecanismos normais e saudáveis de avaliação se encontram enfraquecidos, prostituídos ou alienados, pondo em risco a sobrevivência das sociedades no seu todo e de cada um dos indivíduos que as constituem.
É evidente que destas anomalias se aproveitam os prevaricadores profissionais seus afilhados primos, parentes e afins que preferem que os culpem sem julgamento porque sabem que facilmente se desculpam com declarações de inocência sempre seguros de que a perversão e inércia do sistema os favorece.
Porém, apontar o dedo ao “sistema”não é a melhor solução!
Este não nasceu por geração espontânea. Tem sido preparado e aprimorado em cozinhas discretas por agentes que se comunicam e entendem por sinais cabalísticos crentes de sua invisibilidade! A invisibilidade própria que as sombras conferem! As sombras e os silêncios coniventes! Os silêncios coniventes, e o mimetismo das consciências dos que se submetem ao jogo de interesses inconfessados porque inconfessáveis.
São todos estes que nós culpamos mas somos incapazes de responsabilizar.
Culpamos porque sabemos de tudo:
Quem são, o que fizeram e fazem e vamos sabendo como agem e procedem.
Mas não os podemos responsabilizar! Com eles não estabelecemos qualquer contrato digno desse nome, com cláusulas, regras e chancelado com o indelével selo branco da ética! Eles usurparam poderes legítimos por processos ilegítimos!!!
Fomos assistindo a todos os desmandos, desprezando os indícios, rindo dos sinais, embriagados por artes vinhos e licores, abdicando dos nossos direitos de cidadania, trocando-os por pequenas bugigangas que nos impingiram e aceitamos a troco de silêncio.
Porque eles montaram a teia, são o polvo, porque destruíram a seara e atafulharam os seus armazéns, nós cabisbaixos apenas os podemos culpar!
Chegados aqui cabe porém perguntar onde está e qual o papel do poder legítimo em que todos os cidadãos confiam, porque ele é emanação de uma delegação de poderes de boa fé expressa no voto!!
Há que esclarecer se este está ou não conspurcado por forças ocultas, que escondem a face, comunicam por códigos, lavam as mãos como Pilatos e usam artefactos protectores para não se sujarem pelos “cozinhados” que preparam!
É pois legítimo e urgente saber quem manda afinal! Quem detêm o poder, ou quem o influencia? Influência dos cardeais das sombras ou dos Capone do século vinte e um que trocam as obsoletas metralhadoras por telemóveis topo de gama,e que com assomos de cinismo imitam o milagre das rosas com um actual e descarado: “ são robalos senhor!!!”
Não é despiciendo conhecer toda a verdade, embora apontemos o dedo aos verdadeiros culpados pelo estado de pobreza, desanimo, caos e humilhação a que este povo e este país chegou!
São eles os culpados!
Só avaliamos a extensão da tragédia quando acordamos nus e tiritando de frio, abrimos os olhos para uma realidade que o soporífico habilmente administrado, cumprindo o seu efeito, camuflou!
Sabemos de tudo! Quem são! O que fizeram! E vamos sabendo como o fizeram!
E por tudo isso nós os culpamos!! Mas exigimos que sejam julgados!!! Com rigor!
Conduziram o povo não à terra prometida do maná mas aos atoleiros e ao deserto onde os ovos morrem nos ninhos e as aves mais capazes voam procurando novos oásis, fugindo à tragédia.
Nós os culpamos pelos actos e consequências!
Mas os Responsáveis somos nós!!
Toleramos! Permitimos!
Uns por acção, outros por omissão
Mas até quando durará o efeito alucinogénico??
Até quando?
Até quando?, pergunto ás nossas consciências!!
Até querermos!
Até assumirmos as nossas Responsabilidades, como Cidadãos de corpo inteiro!!
Trata-se não apenas de uma questão de Dignidade!
Mas de Dignidade e de Sobrevivência.
O meu agradecimento ao doutor Mendes Ferreira e ao Site: http://www.setubalnarede.pt/
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