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terça-feira, 13 de julho de 2010

O brasileiro que não falha um Mundial há 40 anos: «Acabou, estou farto»


Conheça a história de Moraes, um adepto que dedicou uma vida ao futebol

Chama-se Francisco Moraes, é brasileiro e tem uma particularidade que o traz para a imprensa: há 40 anos que não falha um Mundial. São onze campeonatos seguidos. Começou em 1970, no México, onde viu o Brasil ser campeão. Nos últimos dias esteve na África do Sul, mas não trouxe boas recordações.
Por isso Moraes diz que foi a última. «Acabou. Não tenho mais saco nem prazer», garante. «O Mundial da África veio ratificar isso. Não viajo mais. Vou acompanhar o Mundial do Brasil, já que estou em casa, e depois quero ficar com mais tempo para curtir a minha neta, que é linda e que só vejo duas vezes por ano.»
O brasileiro não segue só o Brasil, de resto. Fanático do Flamengo, que diz ser «o maior clube brasileiro», Moraes garante que já seguiu o clube do coração em 72 países do mundo. «Tenho o prazer de dizer que nunca perdi um jogo oficial do Zico, fosse pelo Flamengo ou pela Selecção Brasileira», refere com orgulho.
«Já gastei uma grana preta e o dinheiro está a acabar»
Para traz fica por isso uma vida a seguir a selecção. Uma vida que lhe levou uma fortuna. «Com essa brincadeira já gastei cerca de 700 mil euros», conta em conversa com o Maisfutebol. «É uma grana preta. Também não faço outra coisa na vida. Todo meu dinheiro é direccionado para isso, para viajar com o futebol.»
Com mais de sessenta anos de vida, tem dois filhos e vive separado. «Não há mulher que aguente essa vida», conta. É publicitário e é daí que lhe vem o dinheiro. «Tenho uma pequena empresa de publicidade que me permite ter condições financeiras para manter essa rotina», refere. «Mas o dinheiro está a acabar.»
Por isso acaba também uma forma de vida. «Nunca viajo em turismo. Só viajo para ver futebol. Da maioria dos 72 países onde fui, só conheço o aeroporto, o hotel e o estádio. Não curto fazer passeios, ver museus e coisas dessas.» Tudo junto permite-lhe não ter um gasto diário superior a quinze euros por dia.
«Sou o tipo de adepto que compra uma passagem e vai. Depois lá no local, me viro. Nunca tive problemas nas minhas viagens», conta. «Fico sempre em hotéis baratos, de segunda ou terceira categoria. Não vale a pena mais: no Mundial só se vai ao hotel para dormir. Comida barata há em qualquer lugar do mundo.»


«Espanha foi o melhor Mundial, África do Sul o pior»


Mergulhando no baú de memórias, não tem dúvidas em eleger o melhor Mundial. «Espanha, em 1982», garante. «Foi inesquecível. O Mundial dos Mundiais. Foi sem dúvida o que me deu mais prazer, apesar da grande frustração por o Brasil não ter ganho. Foi sem duvida a melhor selecção brasileira de todos os tempos.»
A África do Sul, em 2010, está na outra ponta da lista. «Seguramente a pior. O ano passado assisti ao vivo à Taça das Confederações e foi um horror. África do Sul não tinha infra-estruturas e principalmente segurança. Um ano depois a segurança foi nota mil, a organização foi perfeita, mas o país continuou sem infra-estruturas.»
Moraes fala de transportes, internet, estradas. «A distância entre as sedes era enorme e ou ia de avião ou arriscava ir de carro pelo meio da savana. Se tivesse um azar, estava morto. O frio era muito desagradável, a comida era ruim, a malta era desagregadora, enfim, para mim o Mundial foi muito mau. Detestei.»
Por isso Moraes repete que para ele terminou. «Foi o meu último. Em 2014, no Brasil, vou trabalhar no Mundial. Vou colocar a experiência ao serviço do meu país na organização da prova e na formação de uma equipa que possa ajudar os adeptos de outros países que fazem como eu: aventura.» Ponto final, parágrafo.




Nota de 1lindomenino: este Moraes é uma enciclopédia VIVA e seria bom que passasse para um livro TODA a experiência "acumulada" ao longo deste tempo. Bela história de vida...!!!

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