Eu também grito.
Não para que ouças ou te comova
minha aflição, afinal de nada me valeria
mais uma desculpa esfarrapada
ou aquela costumeira incompreensão.
Eu também grito.
Não para que me socorras, piedoso,
com mentiras rebatidas naquele calor
confuso, que critica a intensidade
e se defende de maior envolvimento.
Porque apenas te quero inteiro
— inferno! — para dentro me desintegrar
no delicioso prazer do meu orgasmo.
Eu me esforço, me agrido, me exijo
em meus bons motivos, discretamente,
sem te confrontar com perguntas profundas,
embaraçosas, cobradoras, irrespondíveis.
Eu grito e me viro — agora sabes —
porque sufoco.
Não para que ouças ou te comova
minha aflição, afinal de nada me valeria
mais uma desculpa esfarrapada
ou aquela costumeira incompreensão.
Eu também grito.
Não para que me socorras, piedoso,
com mentiras rebatidas naquele calor
confuso, que critica a intensidade
e se defende de maior envolvimento.
Porque apenas te quero inteiro
— inferno! — para dentro me desintegrar
no delicioso prazer do meu orgasmo.
Eu me esforço, me agrido, me exijo
em meus bons motivos, discretamente,
sem te confrontar com perguntas profundas,
embaraçosas, cobradoras, irrespondíveis.
Eu grito e me viro — agora sabes —
porque sufoco.
Gisele Lemper
Gisele Lemper é carioca, autodidata, atriz e reside em Brasília (DF) desde 1961.No ano de 2000, lançou "Estrela do Oriente", produção independente, e em 2001, "Rosa dos Ventos", pelo Fundo de Arte e da Cultura da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal. De seu novo livro, "Esfinge", Thesaurus Editora - Brasília, 2003, pág. 65, extraímos os versos que ora apresentamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aquí o seu comentário