O Maisde50 reúne um grupo de homens que garantem, para surpresa das próprias mulheres, que querem sim, companheiras da mesma faixa etária
Paulo César Palmeira tem 60 anos, é viuvo e mora no Rio de Janeiro. Danilo Oliveira tem 51 anos, é divorciado e também é carioca. Marcos Aurélio Pereira tem 54 anos, é viúvo e mora em Belo Horizonte. O que esses três homens têm em comum? Fazem parte de uma turma que nega o velho clichê de que depois dos 50, os homens só querem saber de meninas de 20, no máximo de mulheres de 30. Eles garantem, para surpresa das próprias mulheres, que querem sim, companheiras da mesma faixa etária. E não ficam no discurso.
Viúvo desde os 51 anos, o advogado Paulo César procurava uma companheira. Em um canal de relacionamentos da internet, buscava perfis de mulheres da mesma faixa etária. A preferência é, segundo, ele, uma questão de estar bem-resolvido. "Alguns homens preferem mulheres mais novas, pois desejam se auto afirmar, mas que na verdade eles têm medo das dificuldades que possam vir a existir com uma mulher da mesma idade. Alguns têm medo de que as desilusões de relações anteriores possam atrapalhar no relacionamento atual", afirma. "Mas esse não é o meu caso", esclarece ele, que considera muito mais fácil administrar uma relação com uma parceira da mesma idade, pois os interesses e os gostos são mais parecidos do que com os de uma mulher mais jovem.
Com Danilo Oliveira a história foi diferente. Quando se divorciou, aos 47anos e com dois filhos, esperava encontrar alguém com senso de humor com quem pudesse dividir momentos de prazer. Não demorou muito para surgir Karla Faria, 50 anos, em sua vida. Os dois namoram há um ano e meio e fazem planos de morar juntos. Karla também tem dois filhos, e ele vê nisso uma grande vantagem. "Além do fato de ela já estar acostumada e preparada para lidar com adolescentes, nossos filhos têm a mesma faixa etária e se relacionam muito bem", conta.
Já Marcos Aurélio, o mineiro da turma, já teve várias namoradas desde que a esposa faleceu, há sete anos, sempre da mesma faixa etária. Ele conta que, o que o atrai em mulheres de sua idade é o mesmo que o que o atraia quando era mais novo: inteligência, simpatia e beleza. "Mulher é mulher! Não muda com a idade", afirma. Como ainda não encontrou a pessoa certa para uma relação mais firme, continua à procura, principalmente por bares e restaurantes. "Em Belo Horizonte tem muito barzinho. Sempre cheios de mulheres bonitas e interessantes". Segundo ele, o que leva alguns homens a buscar mulheres mais novas é pura necessidade de se afirmar entre os amigos e levantar a auto-estima.
O argumento pode ser ampliado, mas, as razões passam por aí. A psicanalista Thaís Oliveira, membro da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, no Rio de Janeiro , explica que alguns homens procuram compensar com uma mulher mais nova etapas da vida que não viveram, ou desejam apenas esquecer e solucionar os problemas com envelhecimento, convivendo com pessoas mais jovens. Com o tempo, muitos se dão conta do antigo desejo de terem uma mulher só para eles, e percebem que uma companheira de idade próxima da sua é a que pode realizá-lo nesse sentido.
As vantagens vão além. Com filhos criados e casados, algumas vezes já aposentadas, a convivência com essas mulheres é descoberta como sendo mais satisfatória do que com as de 20 ou 30 anos. "Mulheres mais maduras sabem poupar-se de experiências fadadas ao fracasso. Na maioria das vezes, já viveram suas paixões e agora buscam uma relação sólida e amorosa, o que não subentende tédio e falta de emoção", acrescenta a psicanalista.
Outro fator que se observa com homens mais velhos, muitas vezes por fatores psicológicos, é que precisam de corpos em que a perda do viço da juventude ainda não tenha se acentuado para que possam sentir-se sexualmente excitados. "Querem um falso espelho que reflita o que eles já começaram a perder", explica Thaís.
A mulher entre 50 e 60 anos, mesmo estando atraente e sensual, é muitas vezes considerada velha. Porém, isso não se passa de mais um estigma criado pela sociedade. "É preciso ignorar o preconceito, e seguir o próprio desejo, tendo a certeza de que cada um sabe o que é melhor para si mesmo", complementa.
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