São muitas as emoções despertadas pela separação. Mas todas elas poderiam ser reduzidas a uma enorme e intolerável dor. A sensação, nessa hora, é de que a dor nunca mais vai passar. No entanto, ela passa, pode acreditar. Mas existem algumas coisas que podemos fazer para atravessar esse processo tão difícil e sair dele mais fortes e mais conscientes. Faço meus os conselhos de dois terapeutas americanos, Melba Colgrove e Harold H. Bloomfield, autores do livro Sobrevivendo à perda de um amor.
Durante a vida, experimentamos vários tipos de perda:
Perdas óbvias (a morte de um ente querido; o fim de um caso de amor; separação; divórcio)
Perdas não tão óbvias (perda de dinheiro; perda da saúde; perda de um ideal; perda de um amigo).
Perdas relacionadas com a idade (sonhos da infância; romances adolescentes; perda da "juventude", da beleza).
Outras perdas – perdas temporárias (marido ausente, filho ou filha estudando fora, um assalto, um mau período nos negócios); não deixam de ser perdas, embora saibamos que, eventualmente, tudo se resolverá.
Há também as inúmeras "miniperdas", que tendem a se acumular durante um dia, uma semana, um mês ou uma vida. Uma amassadela no carro aqui, um telefonema ali, e logo a gente se acha "inexplicavelmente" deprimido.
O processo de cura
A primeira providência a tomar quando se perde um amor é aceitar a perda. Durante algum tempo, você pode ficar em estado de choque, acreditando e desacreditando no rompimento. Mas é preciso enfrentar a realidade. A perda é real. Aceite. Você tem forças suficientes para sobreviver a ela. Ela prova que você está vivo e é capaz de reagir às experiências da vida. Sofra por algum tempo.
Durante a vida, experimentamos vários tipos de perda:
Perdas óbvias (a morte de um ente querido; o fim de um caso de amor; separação; divórcio)
Perdas não tão óbvias (perda de dinheiro; perda da saúde; perda de um ideal; perda de um amigo).
Perdas relacionadas com a idade (sonhos da infância; romances adolescentes; perda da "juventude", da beleza).
Outras perdas – perdas temporárias (marido ausente, filho ou filha estudando fora, um assalto, um mau período nos negócios); não deixam de ser perdas, embora saibamos que, eventualmente, tudo se resolverá.
Há também as inúmeras "miniperdas", que tendem a se acumular durante um dia, uma semana, um mês ou uma vida. Uma amassadela no carro aqui, um telefonema ali, e logo a gente se acha "inexplicavelmente" deprimido.
O processo de cura
A primeira providência a tomar quando se perde um amor é aceitar a perda. Durante algum tempo, você pode ficar em estado de choque, acreditando e desacreditando no rompimento. Mas é preciso enfrentar a realidade. A perda é real. Aceite. Você tem forças suficientes para sobreviver a ela. Ela prova que você está vivo e é capaz de reagir às experiências da vida. Sofra por algum tempo.
Pense que todo mundo enfrenta perdas na vida. Essa é uma constatação que ajuda a diminuir o sofrimento, porque a gente não se sente tão sozinho. Saber que existem companheiros nessa trincheira é muito consolador. Mas lembre também que você é muito maior do que a ferida emocional que está sentindo. É claro que a perda fez sua auto-estima diminuir. Você pode estar cheio de culpa, condenação e autocensura, mas esses pensamentos são apenas sintomas da tensão que você está enfrentando. Na verdade, você é um ser humano bom, íntegro e digno.
Saiba ainda que, embora não possa parecer, é da natureza do processo de cura ter um começo, um meio e um fim. E o fim não está tão longe assim. Você vai sarar, a natureza trabalha a seu favor. Só que esse processo leva tempo. Quanto maior a perda, mais tempo passará até o restabelecimento, mas ele virá. É preciso não esquecer que esse processo não é linear, tem idas e vindas, altos e baixos, saltos dramáticos e grandes deslizes. O importante é que ele já está em andamento.
Outras complicações
Trabalhar ajuda a reparar os danos emocionais. Mas vá com calma. Encaixe momentos de descanso na sua rotina diária. Planeje ir para a cama mais cedo e dormir até um pouco mais tarde. Seu corpo precisa de energia para se recuperar. Porém, não se torne letárgico. Vá, na medida do possível, se mantendo ocupado. Isso lhe dará um sentido de ordem, alguma coisa a que se apegar.
Não altere muito os seus hábitos alimentares. Não é hora de entrar de cabeça num regime para emagrecer, por exemplo. A boa nutrição tende a acelerar o processo de cura. Aumente a quantidade de proteínas que você ingere e o consumo de cálcio (tomando leite). Como todos os dias alimentos de cada um dos quatro grupos principais: carne e aves, laticínios, frutas e legumes, paes e cereais.
Seja corajoso o bastante para aceitar a ajuda dos outros. É normal procurar consolo. Algumas pessoas sabem consolar tão bem que o fazem profissionalmente. Se quiser, busque a ajuda de um terapeuta, alguém com quem você se sinta à vontade. Mas, principalmente, não se isole da vida. Além do contato com parentes e amigos, procure se cercar de coisas que você sempre quis, um aquário com peixes ou mesmo alguns vasos de plantas. Regar uma planta todos os dias nos dá uma sensação de que a vida continua e está aí para ser vivida.
Quando estamos sofrendo as conseqüências de uma perda, não é bom tomar grandes decisões. Adie resoluções importantes. Sua cabeça não está em plena forma. Os amigos e a família podem tomar muitas das pequenas decisões por você. Já houve muita modificação em sua vida nos últimos tempos.
Os domingos são os piores dias. Em segundo lugar vêm os feriados. As noites de sábado também não terão nada de divertido. O melhor é programar alguma coisa que você goste nesses dias para não se surpreender sofrendo mais do que imaginava.
Cuidado também com as recordações. Se você acha que fotos e suvenires são benéficos para o processo de lamentação, utilize-os. Mas se eles servem para continuar ligando-o a um passado morto, livre-se deles. Sinta a tristeza e a dor quando elas chegarem, mas não as prolongue. Aceite-as, mas não as convide.
Da mesma forma, não tente reavivar o antigo relacionamento se já atingiu aquele ponto que não tem mais volta. Tentativas de "reconciliação" são dolorosas, retardam a cura e desperdiçam energia valiosa. Talvez o mais difícil seja abandonar a última esperança. Mas é preciso fazer isso para sarar.
Outra boa medida para que o processo de cura siga o seu caminho é aceitar alguns sentimentos inevitáveis: a depressão, por exemplo, e a raiva. Sinta-as, não disfarce. Fingir ter mais energia ou entusiasmo do que realmente está sentindo é contraproducente. Não faz mal ficar na "fossa" por certo tempo. E chorar tem um poder maravilhoso de alívio e purificação.
Ter raiva também é normal: da pessoa que o abandonou (mesmo se foi pela morte); de quem lhe roubou algo ou alguém; do destino. Todo mundo fica com raiva quando perde um amor. Procure dar vazão à sua raiva de um modo não destrutivo (soque um travesseiro, chute um colchão, jogue futebol). Canalize sua raiva. Ela desaparecerá à medida que sua ferida sarar. O que faz mal é voltar a raiva contra si mesmo.
Salto para o amor
Cuidado com as paixões repentinas. A natureza detesta o vácuo e você pode querer preencher esse vazio com novas e prematuras ligações amorosas. Ficar "loucamente apaixonado" depois do fim de um caso traumático pode parecer ótimo a princípio. Mas, de repente, tudo desmorona. Uma paixão súbita pode rapidamente se transformar em nova perda. Resultado: logo, logo você vai ter duas perdas a lamentar...
Outra precaução a tomar nessas horas se refere a determinados mecanismos de fuga como o álcool e as drogas. Cuidado com qualquer coisa em que você possa se viciar. A bebida e as drogas podem entorpecer a dor momentaneamente, mas são agentes depressivos e o efeito eventual será uma "fossa" maior ainda.
Comer demais também não vai resolver a dor e trará, como conseqüência, um aumento de peso que vai piorar a sua auto-imagem e a sua auto-estima. Em vez disso, tente se satisfazer fazendo coisas que lhe agradem: tome um copo de cerveja bem gelada, ouça música antes de dormir, fique deitado ao sol.
Se você sofre uma injúria física, é hospitalizado, os amigos trazem flores, os parentes trazem frutas. Se você sofre uma injúria emocional, espera-se que vá trabalhar no dia seguinte, com a eficiência de sempre. Você está lidando com um mundo que simplesmente não aceita o fato de que as mágoas emocionais doem. A solução é você se agradar.
Embora algumas pessoas possam querer que você "compreenda" imediatamente o que aconteceu ou que "aceite" a perda de bom grado, não se importe. Cure-se no seu próprio ritmo. Se não resistir a essas pressões e formar uma "capa" de proteção para cobrir sua ferida, dizendo que "é a vida, não faz mal, etc", você estará retardando o processo de restabelecimento.
Não se sinta também, ao contrário, na obrigação de curtir a dor por mais tempo do que ela realmente existir. Permanecer perturbado não é prova de que você "amou de verdade". O amor verdadeiro estimula a vida, não a nega.
Permissão para sobreviver
Aos poucos, você vai começar a sentir que está mais forte. Quando puder, perdoe a outra pessoa. E, principalmente, quando puder, perdoe também a si próprio. Agora que a dor diminuiu, sua compreensão pode aumentar. Você vai começar a enxergar as coisas boas que aconteceram no antigo relacionamento e que continuam a existir em sua vida, que fazem parte da sua história. Você é hoje uma pessoa melhor por ter amado, participado, investido numa relação a dois.
À medida que você sarar, notará que o seu raciocínio ficará mais agudo, as suas decisões mais seguras. A sua capacidade de concentração também vai melhorar e a sua visão de mundo vai se ampliar. Abra-se a novas experiências. Aumente seu círculo de amizades, vá a reuniões, festas, desenvolva novos interesses. Não se esqueça também das antigas atividades que você relegou a segundo plano. Redescubra aquelas que lhe davam maior satisfação e retome-as.
Nessa hora, quando você perceber que está muito melhor, é comum haver uma recaída. As lembranças podem voltar de repente numa manhã quando o rádio tocar "aquela música" que embalou seu antigo relacionamento. Isso significa que você vai ficar deprimido outro vez. São apenas os movimentos de ida e volta do restabelecimento. Aceite essa sensação. Ela logo passará. Se começar a sentir pena de si mesmo, faça alguma coisa por outra pessoa. Dar é a maior das alegrias.
À medida que você for se liberando da dor, você vai começar a apreciar de novo a vida. Saboreie o pôr-do-sol, a risada das crianças, as ruas da sua cidade. Você está no compasso do Universo outra vez. Pode, inclusive, ficar confortavelmente sozinho consigo mesmo de novo. Explore também seu mundo pessoal interior. Redescubra sua liberdade, e atravesse suas fronteiras de sonhos e medos. O momento agora é de começar um novo capítulo em sua vida.
Por Maria Helena Matarazzo*
*Maria Helena Matarazzo é autora de "Amar é Preciso", de onde foi retirado este texto, livro publicado pela editora Record www.editorarecord.com.br . Informações: (21) 2585-2000.
Recebido via e-mail do site: http://www.maisde50.com.br/
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