Despedi-me de Lisboa.
Disse adeus aos múltiplos verdes do jardim da Estrela, aos pássaros, aos sinos da Basílica, aos tons misteriosos e luxuriantes do final de dia, a lamberem as janelas para depois caírem pela casa dentro como tintas mágicas.
Despedi-me do Tejo. Do negro das águas quando as nuvens passam por cima, do verde azul quando o céu se reflecte como num espelho. Dos cacilheiros e do seu lastro no rio, espuma que apetece tocar.
Despedi-me do Castelo. Do recorte das torres e das muralhas com árvores que assim, vistas tão de longe, parecem um brinquedo de criança feliz. Do dia que nasce daquele lado, subindo devagar e escorrendo depois para o rio e para o casario.
Despedi-me das ruas de Campo de Ourique, onde os velhos são felizes, caminham de mãos dadas e dão beijos ao de leve nas esplanadas.
Onde em cada esquina há uma escola e as crianças chilreiam como pardais e riem como só elas sabem rir.
Em cada porta uma loja, em cada loja um mundo diferente. Da tasca escura com mesas de madeira cobertas de oleado, até aos produtos mais caros e sofisticados, aqui há de tudo. A calçada à portuguesa pejada de gente que ao invés de correr como no resto da cidade, aqui passeia e troca palavras.
A última coisa que fiz antes de partir foi abraçar Lisboa com força e enviar as minhas preces para os céus.
Sou cigana. Parto mas deixo sempre, em cada um dos lugares onde vivi, um pedaço de mim.
Todas as casas têm alma e história. Espero que quem para ali for viver saiba dar ouvidos às almas que por lá ficaram.
Disse adeus aos múltiplos verdes do jardim da Estrela, aos pássaros, aos sinos da Basílica, aos tons misteriosos e luxuriantes do final de dia, a lamberem as janelas para depois caírem pela casa dentro como tintas mágicas.
Despedi-me do Tejo. Do negro das águas quando as nuvens passam por cima, do verde azul quando o céu se reflecte como num espelho. Dos cacilheiros e do seu lastro no rio, espuma que apetece tocar.
Despedi-me do Castelo. Do recorte das torres e das muralhas com árvores que assim, vistas tão de longe, parecem um brinquedo de criança feliz. Do dia que nasce daquele lado, subindo devagar e escorrendo depois para o rio e para o casario.
Despedi-me das ruas de Campo de Ourique, onde os velhos são felizes, caminham de mãos dadas e dão beijos ao de leve nas esplanadas.
Onde em cada esquina há uma escola e as crianças chilreiam como pardais e riem como só elas sabem rir.
Em cada porta uma loja, em cada loja um mundo diferente. Da tasca escura com mesas de madeira cobertas de oleado, até aos produtos mais caros e sofisticados, aqui há de tudo. A calçada à portuguesa pejada de gente que ao invés de correr como no resto da cidade, aqui passeia e troca palavras.
A última coisa que fiz antes de partir foi abraçar Lisboa com força e enviar as minhas preces para os céus.
Sou cigana. Parto mas deixo sempre, em cada um dos lugares onde vivi, um pedaço de mim.
Todas as casas têm alma e história. Espero que quem para ali for viver saiba dar ouvidos às almas que por lá ficaram.
Nota de 1lindomenino: este artigo da Luísa Castel-Branco tem quase 2 anos de publicado e foi, por mim, adotado no meu anterior blog. Agora, volto a publicá-lo, pela "intensidade" que ele tem e pelo "sentir" da autora e que é, curiosamente, o meu "sentir".
Obrigado, Luísa: assinaria de BOA VONTADE esse SEU artigo.
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