Ele seria perfeito se não fosse casado: as armadilhas que a condição de amante traz
"Estou passando por um problema de relação amorosa e não consigo resolver. Sou uma mulher viúva, independente financeiramente, tenho 47 anos e uma filha de 20. Mantenho um caso com um homem casado. Adoro estar com ele. Quando juntos, a nossa relação é perfeita em todos os sentidos, pois ele me complementa e me realiza como mulher. Ele seria o homem ideal para ser o meu marido, apesar de alguns defeitos, as suas virtudes superam.
Só que esses momentos são poucos e quando nos encontramos vamos sempre a motéis e quando chega a hora de ir embora a minha alegria acaba. Já faz mais de cinco anos que as coisas são assim e eu não consigo dar um fim nessa relação. No fundo no fundo gostaria de me relacionar mais com ele. Só que ele sempre deixou bem claro que a nossa relação não passaria desse estágio.
Por favor, me ajude! Apesar de tudo, ele tem sido um amigo, uma pessoa que me coloca pra cima, que me valoriza muito e me dá muito carinho. E com isso eu vou deixando passar o tempo. O que devo fazer?"
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A essa pergunta, o que você deve fazer, não tenho nada a lhe dizer. Penso até que você sabe a resposta e não gosta muito dela, não. Além do mais, também não acho que você está deixando passar o tempo, está mais é aproveitando o que o tempo tem lhe oferecido ao lado desse homem a quem tanto aprecia e que lhe faz tanto bem.
Cada casal, a cada relacionamento, estabelece entre si um tipo de contrato que vai reger a vida dos dois. Nem sempre as regras são explícitas. Diria que, no mais das vezes, elas são ocultas. Muitas vezes, num triângulo amoroso de longa duração, tal como se dá no caso de vocês, ‘a Outra’ entra para ajudar a manter o casamento. Pense bem.
No início do seu relacionamento com esse homem querido, é possível que você também não desejasse assumir uma relação por inteiro. Não sei se você era viúva recente ou se não desejava trazer um homem para sua casa, posto que houvesse uma filha adolescente, e muitas mulheres não querem assumir totalmente um relacionamento, enquanto seus filhos e filhas não se fazem adultos. O fato é que houve um ou mais do que um motivo forte para que você tivesse aceitado ser a terceira ponta desse triângulo.
Conhecendo-o melhor, passou a desejar ser a única mulher para ele. Mas ele não quer deixar a mulher dele e sempre foi assim. Se de início você aceitou tal condição, isso quer dizer que aceitou ajudá-lo a não deixar a mulher dele! Raciocínio lógico e cristalino. Agora, ou você mantém as cláusulas básicas desse contrato inicial, ainda que não totalmente satisfatório, ou você pega outro rumo e enfrenta a perda, mulher.
Cada casal, a cada relacionamento, estabelece entre si um tipo de contrato que vai reger a vida dos dois. Nem sempre as regras são explícitas. Diria que, no mais das vezes, elas são ocultas. Muitas vezes, num triângulo amoroso de longa duração, tal como se dá no caso de vocês, ‘a Outra’ entra para ajudar a manter o casamento. Pense bem.
No início do seu relacionamento com esse homem querido, é possível que você também não desejasse assumir uma relação por inteiro. Não sei se você era viúva recente ou se não desejava trazer um homem para sua casa, posto que houvesse uma filha adolescente, e muitas mulheres não querem assumir totalmente um relacionamento, enquanto seus filhos e filhas não se fazem adultos. O fato é que houve um ou mais do que um motivo forte para que você tivesse aceitado ser a terceira ponta desse triângulo.
Conhecendo-o melhor, passou a desejar ser a única mulher para ele. Mas ele não quer deixar a mulher dele e sempre foi assim. Se de início você aceitou tal condição, isso quer dizer que aceitou ajudá-lo a não deixar a mulher dele! Raciocínio lógico e cristalino. Agora, ou você mantém as cláusulas básicas desse contrato inicial, ainda que não totalmente satisfatório, ou você pega outro rumo e enfrenta a perda, mulher.
Esse negócio de achar que ele é o marido ideal para você, é meio duvidoso. Ele está sendo o marido ideal para ela, para a esposa dele, visto não querer largá-la de jeito nenhum, mesmo gostando de você pra caramba. Cuidado. Com você ele poderia não repetir a dose. Talvez uma das coisas que ele mais aprecie em você seja exatamente essa colaboração que você presta para que esse casamento que ele mantém continue se sustentando.
Nem sempre os motivos que nos levam a dar início a um relacionamento são suficientes para dar continuidade a ele, no entanto. Quem sabe o quanto anda satisfeita ou não, o quanto agora deseja manter um caso na clandestinidade ou gostaria de ter um romance às claras, procurar um novo parceiro com quem reconstruir um futuro, é você.
Eu só posso dizer que, se o que existe entre vocês é amor de verdade, vocês ficarão juntos até que esse amor assim o exija, porque quando a gente ama pra valer, separar-se do ser amado, por conta do dever, equivale a morrer em vida. Dói demais. É como se a gente tivesse que matar esse amor em nosso coração, é como se a gente morresse para o coração do ser amado. E isso chega a dar um desespero que beira ao insuportável. Há quem mude até de país para dar conta de tamanha dor de separação, pois dor de amor não se trata à base da razão.
O tempo, no entanto, se incumbe se transformar as coisas e as situações. Não porque o amor mude. Mas porque as pessoas mudam. Um dia, isso que você está vivendo também se acaba. Até lá, viva, aproveite e agradeça. Minimamente, um amante amigo, ah, é um grande presente que a vida nos oferece.
Nem sempre os motivos que nos levam a dar início a um relacionamento são suficientes para dar continuidade a ele, no entanto. Quem sabe o quanto anda satisfeita ou não, o quanto agora deseja manter um caso na clandestinidade ou gostaria de ter um romance às claras, procurar um novo parceiro com quem reconstruir um futuro, é você.
Eu só posso dizer que, se o que existe entre vocês é amor de verdade, vocês ficarão juntos até que esse amor assim o exija, porque quando a gente ama pra valer, separar-se do ser amado, por conta do dever, equivale a morrer em vida. Dói demais. É como se a gente tivesse que matar esse amor em nosso coração, é como se a gente morresse para o coração do ser amado. E isso chega a dar um desespero que beira ao insuportável. Há quem mude até de país para dar conta de tamanha dor de separação, pois dor de amor não se trata à base da razão.
O tempo, no entanto, se incumbe se transformar as coisas e as situações. Não porque o amor mude. Mas porque as pessoas mudam. Um dia, isso que você está vivendo também se acaba. Até lá, viva, aproveite e agradeça. Minimamente, um amante amigo, ah, é um grande presente que a vida nos oferece.
ANA FRAIMAN *
*Ana Fraiman é psicóloga formada em Psicologia Social, especialista nas áreas clínica e social, com mestrado pela USP e, atualmente, cursa doutorado na PUC de São Paulo na área de Antropologia. Possui vários livros publicados, é articulista e Diretora da APFraiman Consultoria, empresa pioneira em Programas de Preparação para a Aposentadoria e Pós-carreira.
Ana Fraiman escreve semanalmente no Maisde50. Para enviar sua dúvida, envie um email para editora@maisde50.com.br
Recebido via e-mail do site: http://maisde50.com.br/
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