Saiba quem pede mais o divórcio ou a separação
depois dos 50 anos
O número de divórcios aumentou no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a cada quatro casamentos, pelo menos um termina em divórcio. Os números apontam não só a tendência de crescimento, mas em que idade e quem está pedindo a separação. Os dados do IBGE apontam que até 2007 houve um crescimento de 200% em relação a 1984. A nova lei tornou o desenlace menos burocrático. Mas não dá para arriscar se menos dolorido.
De acordo com o próprio IBGE, os candidatos mais fortes ao divórcio têm mais de 50 anos e são eles, os homens, que tomam a iniciativa na maioria das vezes. Segundo a especialista Dulce Silveira, mestre em educação pela Universidade de Fremingham, EUA, o aumento da separação entre a meia idade revela uma mudança estrutural na sociedade.
Não é tão difícil identificar o que está por trás de tudo, ela garante. “Um dos motivos reais para o divórcio na idade mais avançada é a comum crise de meia idade. São quando questionamentos profundos acontecem e transformações drásticas na vida dão abertura a mudanças. A perda de parentes e amigos, ou a reavaliação de tudo o que foi feito e vivido. Quando o homem perde seu papel de provedor e se sente impotente”, diz a psicóloga.
A nova lei do divórcio que entrou em vigor no dia 14 de julho de 2010 possibilita que casais se separem sem o cumprimento prévio da separação judicial por mais de um ano ou separação de fato por mais de dois anos. Antes, para se divorciar em um cartório, era necessário um primeiro processo para conseguir a separação e um segundo para efetivar o divórcio. Hoje, basta a segunda etapa.
A maior expectativa de vida, os novos ajustes sociais, e até o aparecimento de medicamentos que tornaram a vida sexual - principalmente dos homens - mais ativa também têm lá sua parcela no rol de razões possíveis para o aumento das separações.
“De fato, os homens são os que menos sofrem com a separação. A estrutura deles, sua criação e o seu papel histórico dão a eles mais liberdade, principalmente sexual. A separação, para muitas mulheres, pode representar o fim. E para eles, um possível recomeço”, afirma Dulce.
Casar faz sentido. "O casamento ocorre devido a um interesse em comum, seja ele romântico, intelectual, social, psicológico. E a origem A sua origem é uma união baseada em duas pessoas que compartilham de uma mesma intenção: a de estabelecer uma união estável", racionaliza Silveira. E quando o divórcio se torna uma possibilidade concreta, a causa, em geral, é o enfraquecimento da vontade de partilhar. Daí decorre, segundo ela, a distância afetiva.
Além da maior aceitação social e judicial do divórcio um dos grandes outros motivos para que esse aumento seja tão evidente é o individualismo. “O individualismo é um dos grandes males da sociedade moderna e promove muitas separações. Hoje, as pessoas pensam muito mais em si do que no coletivo e isso o afasta do outro e distancia emocionalmente” confirma Dulce.
A estruturação social estabelece um padrão mais individualista e o mundo colabora. Quem vive só tem espaço. “Esta é uma tendência de que a individualidade é cada vez mais valorizada. Isso se reflete para qualquer relação entre pessoas, principalmente o casamento, que sofre mudanças quando esta necessidade vêm à tona e distancia o casal”, analisa.
Se a sociedade ora valoria o par ora privilegia o indivíduo é difícil estabelecer um padrão. Mas, na maioria das vezes, é a mulher que ainda enfrenta o desgaste maior com o término de uma união. “Nessa idade mais avançada, a mulher se vê, muitas vezes, ridicularizada até em procurar um novo parceiro. A sexualidade, em vez de ser vista com naturalidade, vira um peso", diz Dulce.
Em uma sociedade que parece viver a síndrome do Peter Pan, os valores se invertem. “A mulher mais velha já não possui os mesmos atributos de uma mais jovem, enquanto o homem mais velho é chamado de maduro e seus cabelos brancos são considerados um charme. A mulher, quando sai com o homem mais jovem, recebe olhares de desconfiança. Se é o homem, é aceitável. Oprimida, a mulher tende a ter - e é natural - mais dificuldade para superar um divórcio”, afirma a psicóloga, que lembra que a separação pode ser a possibilidade de recomeçar uma vida nova e mais prazerosa. Para todos.
Por Viviane d'Avilla
Recebido via e-mail do site http://maisde50.com.br/
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