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domingo, 7 de junho de 2009

TEMPO DE MENINO

Hoje está mais difícil ser menino em razão do aumento populacional, violência urbana, trânsito de veículos, cercas e muros, entre outras coisas que dificultam perambular com certa liberdade pelos bairros e quintais da cidade. Além da imposição social de freqüentar escolas aos três ou quatro anos de idade, numa corrida neuro-tizante pela qualificação.


Não há mais tempo e espaços para as crianças e jovens, além dos tradicionais - escolar e residencial -, com regras, normas e impedimentos. Aqueles que estão na rua foram marginalizados e os espaços disponíveis são circuitos fechados de sociabilidade.


Uma imagem ainda nítida permanece na minha memória: os finais de semana, retorno nos bairros Base, 6 de Agosto e Cadeia Velha, às margens de um antigo rio, ainda não poluído, "subindo água". Céu quase limpo nos meses de outubro e novembro. Algumas nuvens ameaçadoras e muitos papagaios no ar. Admirávamos a magia de empinar papagaio, porque não nos era possível compreender a mecânica de sua sustentação.


O interesse era ainda maior se a "pepeta" fora feita por nós mesmos, durante a semana de aula. E estudar não era nada fácil, naqueles bons tempos. Qualquer erro era corrigido na base do castigo e não do reaprendizado. Tínhamos que escrever no caderno, a mesma frase, mais de 50 vezes, depois do horário das aulas. Quase todo dia.


Mesmo assim, ainda sobrava tempo para as brincadeiras com pião, peteca, bola, banho no rio, "manja", fazer e empinar papagaio - uma arte-aprendizado que exige técnicas construtivistas: equilíbrio geométrico, noções de peso e medida, desenho e combinações de cores, além de recorrer a expedientes místicos, como assobiar para chamar o vento, desenhar o sol na terra para espantar a chuva, e colocá-lo no ar.



Sob o nosso controle, um toque de mão, uma flechada; uma saída tática, "discaindo linha" ou "colhida rápida" para posicionar-se e surpreender o adversário que vem voando alto.


No meu tempo de menino colecionava-se revistas em quadrinhos do Tarzan, Fantasma e Kid Colt, os nossos heróis estrangeiros. Mas também tinha os locais, Braúna, Pedro da Burra, Bira, Tim, Abreu, Genúsio e Lizomar, grandes empinadores de papagaio. Pessoal da Cadeia Velha e 6 de Agosto. O ex-prefeito Adauto Frota também marcava presença.


Naqueles finais de semana, turmas de empinadores do Primeiro Distrito enfrentavam o pessoal do Segundo, margens opostas do rio. O grito de vitória - "Bota outro d’outro lado" -, pronunciado quando um papagaio adversário era cortado pelo melhor cerol, ainda ecoa na memória.


Havia um craque que fez história nas manhãs de domingo: o Braúna enfrentava os adversários do Segundo Distrito e não deixava papagaio no ar. Cortava e aparava todos. Era um festival de quedas, mais de mil, para quem não sabia contar até dez.


Corria a lenda que Braúna misturava um pó mágico à cola de sapateiro e ao vidro pisado de garrafa verde marca Cocal, de Belém. Um bando de meninos brigava para carregar o "Cruz-X-Raios" até o ponto de vôo. Depois era só esperar a queda dos "Caveiras", "Cruzes", "Bandas", "Testas", "Tês" e outros.


Naquele tempo do ontem, qualquer papagaio com dois "carros de linha zero" era suficiente para cruzar quase toda a cidade, alcançar o bairro do Bosque e derrubar algum empinador solitário. Hoje, o Bosque moderno concentra muitos empinadores de voadores, sem compensação.


E a nossa imaginação voava alto. Acima dos obstáculos da floresta e fios elétricos da usina de luz, o papagaio olhava a cidade com os nossos olhos que, de olho nele, esperavam a sua queda. Depois era sair correndo por dentro dos quintais, pulando cerca, rasgando roupa, cortando o pé em caco de vidro, lata de conserva, subindo árvores para fazer o "guiza".


Imagens de um passado social em preto e branco, que foi colorizado pela imaginação, ou passado colorido pela despreocupação com o futuro que o tempo desbota lentamente até o apagamento total.


Filosofando à margem do rio, penso que o envelhecimento do indivíduo passa também pelo processo de esquecimento das imagens gravadas na memória, através de um esforço deliberado ou inconsciente, que determina como natural a contabilidade de uma vida média em torno de sessenta carnavais, sessenta e cinco verões. No Acre, como temos apenas uma friagem por ano e, se esta fosse a unidade de medida de uma vida, uma pessoa diria que sentiu frio apenas umas cinqüenta ou sessenta vezes.


Muito pouco. E a maioria das pessoas se deixa enganar, entregando os pontos muito rapidamente por esta determinante social: nascimento, crescimento e morte de vida útil em torno dos cinqüenta ou sessenta anos. Acho que envelhecer antes do tempo é deixar o "espírito moleque" sair cedo do corpo. E os mais jovens ainda te olham como se você fosse o "culpado" pelo envelhecimento.


Uma recordação é uma imagem microscopicamente gravada e arquivada em qualquer compartimento da memória que, posteriormente, com algum esforço mental, auto-organiza momentos e fases da experiência individual.


A partir de um fragmento qualquer disponível é possível reconstruir virtualmente acontecimentos e imagens que lhe deram origem. Fragmentos de informações são acessados da memória pela química psíquica - recordar, reviver, revisar. Idéias e imagens gravadas por olhos e mentes tornam-se disponíveis.


E o tempo faz você distanciar-se dos fatos que marcaram sua vida pessoal, mesmo sem ausentar-se espacialmente. É a lógica cruel da sucessão das gerações que, somada à imposição de outros padrões de culturas "mais avançados" definem e desencadeiam os processos de nascimento, crescimento e morte de equipamentos culturais.


Na periferia de São Paulo, capital, também é grande o número de empinadores de "quadrados", que também usam "cortante" nas linhas amarradas em latas de conserva. Lá ou aqui, empinar papagaio é divertimento de periferia. Recentemente caiu no meu quintal um papagaio... todo de plástico... são os ventos mudando o tempo.




Luiz Carvalho


Agradecimento "especial"ao LUIZ e ao Site: http://www.ac.gov.br/

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