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domingo, 18 de outubro de 2009

UMA CANECA PELO VELHO BOB!


Sou, efectivamente, um homem mau.

Já uma vez, e não há muito..., deixei alinhavada, algures, uma nota acerca do "Mad Mike", um mercenário pitoresco que correu de Herodes para Pilatos, ajudando um e outro, em defesa de princípios que às vezes não eram os seus e que se finou, enquanto "combatente da liberdade", incompatibilizado com todos e tudo. Disse, dessa vez como digo agora, que não morro de amores por mercenários... De qualquer modo, acabei por terminar a crónica dizendo beber uma caneca à saúde do velho Mike...

Agora, porém, apareceu-me - como que tirado do velho livro de reminiscências que encontrei no espólio de meu pai e a que chamo, desde já, meu - um outro "senhor da guerra". Real. Brutalmente real. Que não foi criado pela fantasia de um escritor, antes se argamassou a si próprio, desde tamanhinho, nas agruras das anharas de África ou das areias do deserto do lémen. Na sua história... a história de vários países onde esteve e onde viveu, pelos quais se apaixonou e aos quais se entregou, aqui e além, com ciúmes de amante, mais acolá com o "quero, posso e mando..." que lhe vinha, afinal, da própria história do país onde nasceu.

Chama-se Bob Denard, e é já chamado mercenário do século. Está a ser julgado em França. Já foi condenado, embora com pena suspensa, pelo seu papel no golpe de Benim, e aguarda, em liberdade, nos mesmos hóteis caros que sempre frequentou, o julgamento da sua participação nos acontecimentos das Comores, que culminaram com o assassinato do presidente que ele ajudara a ir para o Poder.

Um homem estranho, com um destino estranho!

Se me derem licença, eu vou recuar nos tempos, até ao ano 1962, altura em que eu quase "debutava" na reportagem, que é, afinal, a "coroa de glória" dos principiantes de jornalista, que acabam por gostar, depois, também, de acabar a sua carreira do mesmo modo. A reportagem e a grande reportagem confundem-se, afinal, como o primeiro e o último dos estágios de um profissional da informação.

Estava, então, Bob Debard, no Catanga. Combatia ali a anarquia que então reinava, numa província que se separara, unilateralmente, do resto do país. Foi, afinal, um dos que vi a ser desarmado, em nome das Nações Unidas, por um medíocre oficial português, quando, terminada a secessão do Catanga, as tropas mercenárias foram obrigadas a depôr as armas e, de momento, passar à situação de civis.

Mais tarde, ainda que por fugazes instantes, em bar bem luxuoso de Kinshasa, voltei a encontrá-lo. Beberricava não sei que bebida por sobre um balcão improvisado, na companhia de duas belas mulheres. Riam-se elas a bandeiras despregadas de uma qualquer anedota bizarra que o Bob contava. Bonacheirão como era, caprichava em se apresentar bem acompanhado, bem vestido, e, por vezes, bem bebido.

Um dia, em pleno ardor de uma batalha cujos contornos já nem posso precisar, vi o mercenário chorar.
Chorar não no sentido subjectivo e quase poético que os escritores dão ao termo. Chorar mesmo. Numa operação bem perto da cidade que então ainda se chamava Elizabethville, e era a capital do Catanga, um dos seus melhores homens fora apanhado numa sessão de fogo cruzado e morrera mesmo frente aos seus olhos. Um mocetão enorme, natural de Flandres, que dias antes o tinha ajudado a enterrar - que eu vi - seis negros que tombaram no ardor de uma qualquer batalha.

Chorar, na sua óptica, é próprio do ser humano. E não encontra razão alguma para a invenção de alguns países em que, por hábito e norma de conduta, "é feio um homem chorar..."


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Catarina era uma menina gira. Com a cor da pele parecida com o ébano, entretinha-se, às vezes, nos seus sete anitos saltitantes, a brincar com o "tio" Bob. Ele, que tem actualmente, sete filhas, e uma predilecção especial pelas crianças, diga-se desde já. Num dia de mais calor, a criança brincava - ali mesmo no improvisado quartel general do "terrível" tio Bob - à beira de um riacho. Eis senão quando, do meio da mata vizinha, surge um grupo de soldados armados. Pegam na miúda que grita. Vejo sair da casa de adobe um homem alto. Era o Bob. Nunca vi uma expressão tão terrível no seu olhar como a daquele dia.
Armado de um pequeno revólver que sempre o acompanhava, vai-se ao grupo. Corre em sua perseguição. Do meio da mata partem tiros, com um deles a roçar, ao de leve, a perna do mercenário. Mas ele não desiste. Fazendo tiro de precisão - decerto, por instinto, para poupar munições - vai fazendo fogo. E às tantas viu-se frente à matula. Quase olhos nos olhos. No jeito do "matas...ou morres". Os olhos são capazes de ter falado mais alto que as palavras. Os homens do outro lado, que levavam a Catarina com eles, sabe-se lá para quê, como que entraram em pânico. Fugiram, deixando, chorosa e tremente, a pequenita que se abraçou ao tio Bob...

Tudo estranho para se compreender...!

O Bob Denard! Troquei apenas meia dúzia de palavras com ele, que não gostava, mesmo nada, de jornalistas. Vi-o, no entanto, agigantar-se no meio da grande (des)conjuntura que se vivia, então, em África. Que o saiba, nunca combateu governos saídos de eleições legítimas. De uma forma geral "engajava-se" - ou "engajavam-no", que para o caso é o mesmo - em lutas que dessem para derrubar ditadores.
Os comunistas, para ele, eram gente que importava abater. Talvez por isso... esteve, também, em Angola, quando, em 1975, os cubanos para lá entraram a mando dos soviéticos. Nessa altura, não tive oportunidade de me avistar com ele. Falei, no entanto, com alguns dos seus homens, que nutriam pelo chefe e pelo amigo... uma admiração-veneração que tocava, às vezes, as raias da "adoração".

Catanga, lémen, Zaire, Biafra, Curdistão, Comores, Angola, Benim, Chade... os países em causa conhecem-lhe o nome, os feitos e a têmpera. Eu, talvez infelizmente para mim, só lhe conheço a fama. A despeito de o ter visto actuar duas ou três vezes...

Conheci-lhe, no entanto, as lágrimas. E essas - que se desenganem os que pensam o contrário... - são iguais às minhas e às suas...


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Uma caneca pelo velho Bob, na altura em que escrevo, com 65 anos! Uma caneca de amizade e de recordação! Não gosto mesmo nada de mercenários - e ele, pelos vistos, prefere que o tratem por "corsário" ou simplesmente "soldado". Não gosto de mercenários, pronto! Sobretudo se eles forem padres, advogados ou, até jornalistas e viverem paredes meias connosco. Desses, não gosto mesmo nada. Eu, que não sou capaz de odiar ninguém... odeio esse tipo de mercenários. Uma caneca pelo velho Bob!

O velho Bob... que me volta a dar a entender que, na verdade, sou um homem mau! Imaginem que até admiro um homem proscrito ou quase em tantas partes do mundo!

Sou, sim, um homem mau!




Fernando Cruz Gomes - Toronto, Canadá
E-mail:
fgomes@globalserve.net


Agradecimento ao FERNANDO e ao Site: http://www.portugal-linha.pt/



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