
(698)
O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua
Oiço: cada som é consigo.
Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.
(699)
Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.
Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.
Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.
Os versos acima foram extraídos do livro "Fernando Pessoa - Obra poética - Volume único", Cia. José Aguilar Editora, Rio de Janeiro (RJ), 1972, págs 542/543. Organização, Introdução e Notas, de Maria Aliete Galhoz.
Fonte: releituras.com
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua
Oiço: cada som é consigo.
Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.
(699)
Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.
Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.
Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.
Os versos acima foram extraídos do livro "Fernando Pessoa - Obra poética - Volume único", Cia. José Aguilar Editora, Rio de Janeiro (RJ), 1972, págs 542/543. Organização, Introdução e Notas, de Maria Aliete Galhoz.
Fonte: releituras.com
Posted by 1lindomenino Dated19aug2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aquí o seu comentário